segunda-feira, 22 de julho de 2013

Vision, uma estrela de condomínio


Por muito tempo, o carro eléctrico ficou fadado os circuitos fechados de baixíssima velocidade. Quando um protótipo, que quase sempre pecava em quase tudo, se aventurava nas ruas, logo um sabichão gritava "EI, CARRO DE GOLFE JÁ PODE ANDAR NA RUA?". Tristes anos, aqueles, em que uma bateria tracionária decente, pesava mais do que um ciclomotor.

As coisas mudaram lentamente, mais depois que o "direitista conservador" Arnold Schwarzenegger assumiu o comando da Califórnia, encontrou as contas aos pandarecos e quase chorou. Quase, porque ele fez por merecer a alcunha de The Governator, contrariou os próprios ditos conservadores, mas também aos que pensam que são progressistas, e transformou a capital da "cultura de poluição" no berço da electrificação automotiva. carona que a Tesla pegou,dando dignidade a uma motorização que era ridicularizada, com a frase "Só comprou porque é eléctrico". Carro a bateria passou a precisar de argumentos para poder vender, porque a concorrência passou a existir.

Mas, e se alguém decidisse imitar os cetáceos e fizesse o caminho inverso? Se um grande fabricante, com tradição e reputação, decidisse lançar uma linha de carrinhos de golfe? O que para muitos seria um recursos até humilhante, para evitar a falência, para quem conhece a sua clientela cativa e potencial, é uma oportunidade.


Tradição e reputação são sinônimos de Mercedes-Benz, e ela está acenando que pode fazer esse caminho inverso. Não, decerto que não seria um carrinho de golfe ordinário, com baterias chumbo-ácidas de placas planas e motor de empilhadeira adaptado ao eixo traseiro... Nem com design de caixote de feira livre. Sim, como aqueles que as emissoras de televisão usam, mas não só elas.

Está na página da Mercedes-benz, no facebook, ver aqui, o esboço do Vision. Trata-se de um carrinho biposto, com assentos paralelos e portas totalmente transparentes, exceto pela fina barra lateral, que podem ser destacadas. Os mais atentos se lembrarão do Renault Twizzy, que obviamente é mais estreito e muito menos confortável, por conta da estrela que não precisa carregar na grade. A missão dele é a de ser o carro eléctrico sério de série mais acessível do mundo, e a cumpre com honradez. O futuro teutão primará pela qualidade do acabamento e pela sofisticação tecnológica, inclusive na suspensão multilink, que quem já teve o antigo Vectra, sabe que diferença faz.


Mas há outras diferenças, além de a carroceria ocupar toda a largura do carro, quando o Renault mal chega à metade da sua. Há uma caçamba minúscula, bipartida, na traseira, para carregar os tacos, e um compartimento para guarda-chuvas atrás dos bancos. O teto é revestido por um painel photovoltaico curvo, que dá um aspecto de "menino penteado" ao carrinho. Os retrovisores integram os faróis de leds e as setas, as rodas são mais largas e com desenho caprichado, à altura da marca.

Em vez de um motor traseiro, muitas vezes servido de reduções por engrenagens, ele será impulsionado por quatro hub motors. Por dentro, toda a conectividade padrão da marca está presente, além de um requinte exótico, que talvez assustasse quem compra um carro de turismo, ele não tem volante. Como dirigir, então? É teleguiado? Não, esta hipótese a Mercedes ainda não aventou, não em público.

Volante e pedais serão substituídos por um joystic no console central, permitindo que ambos os ocupantes o dirijam, alternadamente. Um projetor mostrará no para-brisas um mapa do campo de golfe, ou o que for programado para tal; Em algumas cidades do mundo, especialmente Estados Unidos, esses carrinhos podem ser utilizados para pequenos percursos. A Mercedes-Benz já apresentou um conceito de coupé com este recurso, nos anos noventa, mas vocês podem imaginar o medo que o público teve, apesar da fascinação pela facilidade que ele proporcionaria... E da possibilidade de ele ser dirigido de qualquer lado.


Por enquanto é só uma idéia que está arrastando fãs apaixonados, que o vêem como um carrasco do francês... O buraco, digo, o patamar é mais em baixo, bem mais em baixo. O Vision, se for produzido, dificilmente será homologado para andar nas ruas e, se for... Tá, se for, então sim, os mais abastados que gostaram do Twizzy, provavelmente só eles, poderão ter um ovinho eléctrico prêmium para uso urbano, porque não será barato, principalmente porque a tecnologia embarcada e de engenharia, serão similares aos dos carros de rua. Os materiais, por exemplo, passarão longe da fibra de vidro e do plástico rígido, que revestem os chassis que os carrinhos de golfe comuns.


Embora eu tenha dito "se", a probabilidade de ele ser produzido é muito consistente, e as chances de algumas cidades o verem rodando em ruas secundárias, não só em circuitos fechados, é grande. Para rondas escolares, o baixo desempenho e a pouca autonomia de um carro de golfe não é problema, pelo contrário, até desestimulam o uso indevido... Se bem que se a AMG e a Brabus encasquetam de mexer nele... Aí a garotada vai gostar, ah se vai!

Em lugares como o Texas, apesar de ser um Estado petrolífero, onde rodovias com recarga por ressonância já estão em estudos, existe a chance de patrulhas ambientais e fiscalização de trânsito se utilizarem dele. É só uma hipótese, mas é perfeitamente plausível.

Dados de autonomia e potência, que não são preocupantes em um carro de golfe, ainda mais com estação de recarga de gente grande,  ficam para depois. Mas quem já ouviu falar do SL300 Electric Drive e sua capacidade para humilhar esportivos a combustão, sabe o que pode esperar.

Mais notícias, alvoroçadas, diga-se de passagem, ver aqui, aqui, aqui e aqui.

quinta-feira, 11 de julho de 2013

Diga 333!

Fonte: Car Advice

O povo costuma associar a Michelin a caminhões pesados. Não é de todo errado, já que por algum tempo, pneu de turismo nacional era quase que só Firestone e Goodyear. Mas ela tem um histórico de corridas muito sólido lá fora, que começa a infiltrar em nosso território também.

Por meio da equipe Drayson Racing Technologies, a Michelin acaba de estabelecer um recorde de velocidade, que é respeitável até mesmo para bólidos a combustão interna: 333,23 mph, ou cerca de 536km/h.

O carro utilizado foi o protótipo B12 69/EV da Audi, vencedor das 24 Horas de Le Mans, que fez apenas duas tentativas para estabelecer a marca. O pneu utilizado, lamento, não está na loja da esquina e certamente vale mais do que teu carro, cada um. Trata-se do LM P1, específico para carros de alto desempenho, com muito mais ênfase para a aderência do que para a durabilidade.


Sobre o carro, ele tem parcos 1095kg, sem o piloto, e desenvolve 634kWh, ou 862cv, mas utiliza apenas 30kWh de baterias. Como faz? Simples, em vez de recarregar, a equipe troca as baterias a cada parada, como faria com o combustível. A aceleração, de 0 a 162km/h, é feita em não mais do que  cinco segundos.

O que a Michelin quer com isso? Primeiro, esfregar na cara da Bridgestone que ainda consegue dar as cartas nas competições, segundo que ainda consegue ser campeã em uma categoria importante, terceiro que o cliente pode contar com ela para equipar seu eléctrico puro. Malandragem? Não, só negócios.

segunda-feira, 8 de julho de 2013

A ANFAVEA entrou na briga!

Meio tarde para o E400... Sorte para os novos.

Caríssimos, eu não quero alimentar falsas esperanças. Há propostas em prol dos híbridos e eléctricos puros no congresso, mas assim como a PEC 280, estão em banho-maria há anos. O que muda agora é que há uma entidade poderosa, que sempre foi vaiada por sua influência nos bastidores dos três poderes, mas agora está fazendo algo digno de aplausos.

A Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores apresentou uma proposta de incentivo aos híbridos e plug-in puros, ao governo. Não se trata de uma apologia ideológica ou devaneio de entusiasta, trata-se de uma proposta de quem realmente entende do assunto; gente que projecta, constrói, fabrica, vende e faz manutenção em automóveis, entre outros.

Aproveitando, ainda deixou claro a diferença entre eles, ago que o leitor leigo não é obrogado a saber, mas deveria ser arroz-com-feijão no Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. Eis as diferenças que a entidade listou, entre os veículos cujos compradores serão beneficiados:


  • Mid Híbrido: motor a combustão com um eléctrico, hidráulico ou ar comprimido auxiliar de tração, o mais barato e provavelmente o que será mais popular;
  • Full Híbrido: motor a combustão interna combinado com outro sistema de tração, quase sempre eléctrico, que trabalham em conjunto ou separadamente,
  • Elétrico com Autonomia Estendida: motor a combustão só entra funciona para socorrer as baterias, ou para acelerações fortes... Para mim, é um tipo de híbrido, francamente;
  • Full Elétrico: Usa só o motor eléctrico, o plug-in puro;
  • Célula de Combustível: motor eléctrico com conversão da energia química do hidrogênio em energia elétrica. Este foi surpresa para mim, mas lembremos que muitas montadoras trabalham em estágio avançado neste sistema.

A proposta será em duas etapas, por conta justo do atraso enorme em que nos encontramos. primeiro um incentivo à importação da tecnologia, o que talvez inclua carros prontos e semi-prontos, esta parte dá margens para interpretação. A partir de 2017 os incentivos passariam aos carros nativos, embora o Leaf nacional já esteja previsto para 2015... talvez antes. Pode parecer distante, mas é uma previsão realista. embora as baterias estejam barateando muito mais rápido do que o esperado, não se pode contar com o que ainda não se tem.

A proposta ainda está em negociação, por isso a prudência nos poupou de detalhes muito optimistas, mas se alguém aí sonhava com um BYD e6, um Tesla Model X ou uma Volvo XC60 Diesel Hybrid, já pode ir poupando os caraminguás, porque neste mato tem coelho, e coelho com conhecimento de causa.

Com a tecnologia e os insumos desonerados, certamente os kits importados, e os feitos aqui artesanalmente, ficarão muito mais em conta, será menos caro converter um importado antigo com motor fundido para tração eléctrica, ou mesmo hibridar um caminhão ou ônibus. Esperemos, porque desta vez tem gente grande interessada.