quarta-feira, 8 de abril de 2015

Um brinquedo para quatro



O cidadão lá dentro dá uma idéia do quanto ele é estreito.

  Muita gente se perguntou, na infância, como seria se pudesse comprar um carrinho como os seus de brinquedo, colocar um motor de batedeira e andar pelas ruas. Bem, as limitações são muito mais do que técnicas, segurança e legislação ajudam a manter idéias assim nos circuitos fechados dos clubes e condomínios. Embora, reitero, qualquer coisa com uma estrutura mínima ao redor seja mais segura do que uma motocicleta, principalmente as que dispensam habilitação.

Parece-se muito com os Mini de brinquedo.

  Por que eu disse tudo isso? Direi agora. Vem novamente da China, com sua parca burocracia empresarial e famoso desdém para com a segurança, a notícia do que pode ser o carro eléctrico mais barato de todos os tempos, mesmo se considerando a inflação de mais de um século. Por míseros US$ 1.913,00, pouco mais de de R$ 6.000,00, que iriam para talvez quinze mil, se fosse importado, o cidadão pode entrar em uma concessionária Dexing, e sair dirigindo um Jinniu a não mais do que 40km/h.

O interior disfarça ser de um carro tão barato! Vejam só, tem ventilação, rádio e até porta-luvas!

  Muito mais do que na Europa, o extremo oriente tem políticas específicas para veículos de baixa velocidade, praticamente tudo é tolerado neles, e a China não é diferente, nem idiota de deixar seus empresários perderem o mercado. De todos eles, o minúsculo Jinniu é talvez o mais bem desenhado e e bem acabado. Só o motor de 1,5kWh (2,04cv) e a jurássica bateria de chumbo de 12V e 130Ah geram desconfiança, porque é pouca potência para uma bateria muito pesada e quatro ocupantes, ele deve sofrer muito em rampas! São 560 kg, provavelmente mais de dessenta deles concentrados na bateria.

Rodas de alumínio, certametne fundidas, talvez opcionais.

  Mas ele tem qualidades. Autonomia nominal de 100km na velocidade máxima e baixíssimo custo de manutenção, por exemplo. A frente é mais parecida com o velho Mini Rover do que o actual Mini da BMW, já a lateral e a traseira são quase uma cópia do Smarth For Four. Cabe em praticamente qualquer lugar, dá a impressão até de caber no porta-malas de um carro grande; 2590mm de comprimento por 1290mm de largura, 1500mm de altura e 1900mm de entreeixos; Não é para a Ana Hickmann. Sim, ele é muito mais alto do que largo, e não chega a 1,3m de largura, ainda assim protege mais do que uma moto. Não é feito e nem conseguiria fazer uma curva rápida. Ele não concorre com carros de verdade, por assim dizer, concorre com as scooters que não têm muito mais desempenho do que ele, e só levam uma pessoa.

Banco traseiro encostado no vidro. Pouca segurança e malas no colo.

  A obsolescência da bateria de placas planas de chumbo cobra um preço incômodo, precisa de dez horas para recarga completa em uma bateria de 220V. Uma bateria de íons ou polímero de lítio, ou mesmo de phosphato de ferro, levam metade do tempo ou menos. Mesmo as de chumbo com placas espirais, não levariam mais do que seis horas, mesmo elas rendem mais cavalos por quilograma do que as de placas planas e não temem descarga total. Mas os preços destas baterias só seriam justificados se diluídos nos custos de uma exportação de longa distância... Como para o Brasil. Uma coisa é certa, se viesse, mesmo com o preço inflacionado, e com uma legislação para permitir sua homologação, as pequenas scooters teriam que baratear muito para sobreviver.

  Segurança? Ônibus urbano tem cinto, air bag e para todos e todos viajam sentados? Essas motos de 50cm³ oferecem alguma? Então...

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