JAC iEV20 |
Apesar dos aumentos ultrajantes da
energia eléctrica, os obesos preços dos combustíveis têm pesado mais a favor
dos veículos eléctricos. As queixas de motoristas de aplicativos, bem como as
dos usuários, são crescentes e o abandono do negócio já ameaça a modalidade,
porque os táxis já estão se tornando mais vantajosos, justo o argumento que os
aplicativos tinham para atrair clientes. Infelizmente os eléctricos e híbridos
ainda são muito caros para a maioria, apesar de alguns incentivos já vigentes, e substancialmente caros para o que
oferecem em relação aos carros à combustão interna, o que infelizmente ainda
vai demorar bastante a se resolver, especialmente com essa guerra estúrdia
complicando tudo. Isso não significa, porém, que não haja uma saída, embora no
Brasil ainda em poucas cidades. Muita gente aluga os veículos de trabalho,
desde motocicletas até caminhões e ônibus, então é perfeitamente possível nas
principais metrópoles do Brasil recorrer a esse expediente para contornar a
crise, pode-se simplesmente alugar um plug-in para trabalhar.
Não é um bicho de sete cabeças e
alguns taxistas já até compraram os seus, tendo eles relatado a satisfatória
redução dos custos inerentes à profissão. Alugar, ou assinar como está na moda,
então seria até uma porta de entrada para aquisições futuras, como o são os
aluguéis de carros de luxo para eventos. O problema é que essa modalidade para
eléctricos está quase que exclusivamente concentrada no eixo Rio – São Paulo,
justo onde está concentrada a infraestrutura de praticamente tudo neste país, e
desconheço quem alugue motocicletas e caminhões eléctricos. Talvez o desenrolar
dessa crise dentro de uma crise que já estava dentro de outra crise gere a
demanda necessária, tomara, mas isso depende do consumidor.
Vamos então à parte boa dessa
história medonha. Tanto entregadores quanto condutores, sejam autônomos,
taxistas ou aplicativos, rodam muitas horas quase ininterruptamente, sempre em
velocidades moderadas e usando bastante os freios; aqui uma bronca aos
motoristas em geral e às autoescolas, que negligenciam MUITO o treinamento e
uso do freio motor, que pode evitar a maioria dos acidentes por travamento das
rodas. Essas características de rodagem, velocidade e uso dos freios é perfeita
para quem tem um eléctrico, a maioria absoluta deles tem frenagem regenerativa,
que bem utilizada garante algumas horas a mais de autonomia. Não obstante esse
recurso, e os valores da diária ainda serem compatíveis com os pares à
combustão, o consumo de energia das baterias é irrisório quando se estiver
preso em congestionamentos. Um Golf por exemplo pode ser alugado por menos de
R$400,00 por dia, a assinatura mensal de um Zoe sai por cerca de R$3890,00;
menos de R$110,00 por dia. Há o caso de um motorista de aplicativo que pegou um JAC iEV20 e agora está rindo para as paredes.
Decerto que os carros modernos já
são muito silenciados (vai tirar aquelas centenas de quilos de material
acústico para ver) mas a experiência da clientela que prefere ser conduzida a
dirigir, a mais exigente, será muito melhor, a ponto de talvez até precisar ser
avisada de que chegou ao destino. Um motorista de aplicativo roda em média 3000
km por mês, ou 100 km por dia, que é um terço da autonomia da maioria dos
eléctricos puros à venda no Brasil. Isso daria dez recargas completas por mês.
Em Goiás o kWh custa no máximo R$0,60, a bateria do Zoe acumula 52kW, então uma
recarga completa custaria aqui R$31,20 para rodar até 380 km. Então as dez
recargas mensais custariam R$321,00, dando e sobrando para a rodagem média de
taxistas e aplicativos. Quanto vocês gastam mesmo por mês em combustível? Sem
contar que o eventual radiador das baterias não vai ferver.
O progresso desse negócio pode vir
a beneficiar também os entregadores, porque a motoquinhas eléctricas mais
simples e baratas, que nem rezando rodam mais do que 70 km com uma carga,
custam mais de R$10.000,00. Um motoboy pode rodar 250 km por dia, o que
exigiria quatro recargas diárias das scooters mais simples, o que é
impraticável para um profissional. Isso obriga os profissionais a escolherem
modelos mais sofisticados e caros, ainda assim sem autonomia para toda a jornada
com uma só carga. A solução seria alugar também baterias extras que, pelo amor
de Deus, guardadas para recarregar em local seguro, garantiriam o alcance
necessário e poderiam ser levaras para casa no final da jornada. Só que
baterias são a parte mais cara de um plug-in então vocês entenderam a
necessidade do negócio de aluguel e assinatura para nossas paisagens realmente
serem recheadas por veículos eléctricos.
Agora a parte mais potencialmente
rentável e menosprezada por locadoras e serviços de assinatura automotiva.
Não menos importante, até porque
eles carregam o Brasil nas costas, os caminhoneiros e frotistas urbanos e
intermunicipais teriam um ganho excepcional de rentabilidade. Até o momento nós
só contamos com três modelos plug-in no Brasil, o consagrado E-Delivery da
Volks Wagen e a dupla da BYD; eT7 e eT18. Infelizmente não me consta de haver
assinatura ou aluguel de nenhum deles, então ainda ficam restritos a companhias
de médio porte para cima. Os BYD eT7 e eT18 atingem suficientes 85 e 95 km/h,
que é um desempenho normal para caminhões, ambos prometem pelo menos 200km de
autonomia. O E-Delivery, em ambas as versões 11 e 14, promete rodar 250km, com
a vantagem de ter uma rede concessionária incomparavelmente maior para qualquer
eventualidade. Em todos os casos a autonomia varia muito com a carga, que pode
facilmente ser maior do que o peso do caminhão, mas seguramente uma recarga
pode ser necessária todos os dias.
A BYD também tem um furgão, que
também nadaria de braçada se fosse alugável ou assinável, com bons 300 km de
autonomia, suficientes pra a maioria dos trajetos diários. O T3 chegou a vender
83 unidades em Junho de 2021, o que o tornou o plug-in mais emplacado de então,
mais do que qualquer hatch plug-in “popular”. Vejam bem, ele vendeu! Não foi
locação, foi venda, transferência de propriedade e ônus. Se uma locadora se
interessasse, até Goiânia teria alguns deles rodando e sacolejando em suas ruas
esburacadas.
A Citroën tem muito discretamente,
até demais para o meu gosto, o E-Jumpy, que pode ser considerado um esportivo
da categoria com máxima de 130 km/h, o alcance de 330 km pode bem ser
suficiente para um dia de trabalho; estão dormindo no ponto, franceses! A rede
concessionária cobre praticamente todo o Brasil e quase ninguém tem
conhecimento dessa versão, que é praticamente a mesma E-Expert oferecida pela
Peugeot, parte do mesmo grupo. A Master E-tech da Renault se contenta com
acanhados 185 km de autonomia, mas não tão baixa quanto os parcos 76cv; na
certa a Renault está apostando no preço e na proposta estritamente urbana como
mote. Em todo caso, as francesas estão bem atrasadas em relação à chinesa.
Com bons 250 km de autonomia, A
Fiat é a que mais desperdiça o potencial de sua rede concessionária, porque
menos gente ainda sabe que a Ducato Elétrica existe. Sim, o nome é só isso
mesmo, sem firulas, simplório, quase que lançada a contragosto. Imaginem a rede
de autorizadas Fiat oferecendo pelo país inteiro, assinaturas dessa van! Bons
de lábia como são os vendedores da marca, venderia como água
Em suma, uma oportunidade
totalmente desperdiçada de tirar o pé da lama, senhores locadores. Mercado
existe, parte do marketing eu já estou fazendo. Mexam-se!
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