domingo, 8 de abril de 2012

Denza; mal nasceu, já polemiza


Muita gente já sabe que a Daimler-Benz e a BYD firmaram acordo, lançaram uma marca para produção de carros eléctricos de alto padrão. A discussão não poderia deixar o Brasil de fora, até porque aqui há cabeças pensantes, apesar de as evidências demonstrarem o contrário. O problema são comentários de gente que deveria ser esclarecida e formadora de opinião útil.

Dos muitos comentários que já li, em fóruns, a maioria tem condenado a união. Uns lembrando o recente facto, em que a montadora alemã ganhou na justiça o direito de proibir a réplica de seus modelos (uma besteira, a Porsche é a prova disso) e chegou a fatiar uma carroceria, que replicava o mítico 300SL. Se consola, nada proíbe, nem há ferramenta jurídica para isso, de se fazer kits sob encomenda ou para uso próprio.

Voltando ao assunto, alguns até reconheceram a anatomia clitoriana no logo da nova marca, mas estes são os que pensam maias com a cabeça de baixo do que com a de cima. Outros ainda estão revoltados, porque um ícone do capitalismo está se aliando aos malditos comunistas... Alguém se perdeu no túnel do tempo e ainda confunde o povo com seu governo; já cansei de ler comentários no facebook que, de tanto atirar para todos os lados, acabaram me chamando de corrupto e sem-vergonha, por generalização.

Em que consistirá a parceria: a Mercedes-Benz fornece os carros e a BYD entra com suas baterias de phosphato de ferro e seus motores, sendo o Classe B o primeiro a receber a nova marca e, claro, um novo nome. Ou seja, não haverá replicação, haverá conversão e rebatismo dos veículos.

Os puristas se descabelam imaginando que o padrão de qualidade Mercedes-Benz poderá sofrer uma grande perda. Eu os tranqüilizo com factos. Não factóides, não com coincidências, não com evidências rasas, mas com factos positivos que teremos no Brasil em alguns meses; isto deixarei para o fim do artigo.

Já é famoso o BYD e6, um hatch avantajado, com ares de esportivo utilitário urbano, similar ao Ecosport de primeira geração. Sua fama tem dois pilares: O primeiro é o seu uso intenso em frotas de taxi, há cidades onde frotas inteiras são formadas só pelo e6, utilizados por um povo que não tem dó de carro e usa até o bagaço, com taxistas a situação fica ainda mais feia e o carro tem que mostrar sua valentia; O segundo é a bateria de phosphato de ferro, mais volumosa e pesada do que o padrão íon de lítio, mas que tem demonstrado uma capacidade de absorver abusos e uso continuado, que destruiria rapidamente as mais utilizadas.

O primeiro já em testes.

Questionar a confiabilidade de um motor eléctrico é provar total desconhecimento de causa, um motor desses, ruim, funciona melhor do que um motor à combustão em boas condições. E vocês pensam mesmo que a Mercedes admitiria um só arranhão em um de seus paradigmas? Acham que a Brabus ainda estaria de pé, se fizesse besteira com os carros da marca? Aquelas edições especiais de Classe S (híbrido e eléctrico) tiveram uma aceitação acima do esperado. O cliente Mercedes-Benz não quer saber se o carro é movido à corda, se o padrão centenário de qualidade e eficácia for mantido. A parceria deles com a Chrysler fez bem aos dois lados, só os ufanistas fundamentalistas moparistas não enxergaram isso, e quase levaram a americana à falência. As negociações entre alemães e chineses não são de hoje, já têm alguns anos e cada um teve tempo para colocar bem o que espera do acordo. Na pior das hipóteses, serão carros muito bons, aptos a deixar o potencial comprador de um Tesla na dúvida.

Asseguro que os temores são infundados, que esta parceria só trará bons frutos, embora algumas colchonilhas sempre apareçam e precisem ser controladas. Então vamos ao que teremos no Brasil em breve: A BYD está montando uma fábrica na Argentina, justo para produzir o e6 e vendê-lo ao Mercosul. Uma vez que a escala de produção é muito grande, porque a população chinesa é muito grande e eles não têm medo de arriscar e quebrar a cara, o preço de um carro confortável, com os padrões de segurança internacionais atendidos, velocidade máxima de 140km/h e autonomia de 300km, será por volta de R$ 65.000,00. Como virá de nuestros hermanos encrenqueiros, não amargará nossa ultrajante carga tributária, nem a horrenda combinação de burocracia e taxas aduaneiras que os outros pagam; basta ver como eles metem a mão no bolso de quem compra o Volt. O e6 vai se livrar de tudo isso.

Não é um primor de design, ele foca a funcionalidade dentro dos padrões vigentes de estilo, parece um misto de Fiat Stilo com Ford Ecosport, é alto e vence bem os buracos. As chances de ser feito aqui são mínimas, já que a fiofó-losofia de arrecadar três e desviar dois predomina, explicando as fortunas que pagamos e a miséria que recebemos do Estado. Será um 'echo en Argentina', assim como a Ranger, a Hilux, a Sprinter, a Master, o Fox e um monte de outros carros que tempos por aqui, mas nem desconfiam seus donos a sua origem. Então vamos deixar o preconceito para povos atrasados e desprovidos de conhecimento científico.

Se eu compraria? Se eu tivesse oitenta pilas para comprar um carro novo, pagar licenciamento e seguro, e ainda pudesse me livrar do risco de colocar combustível adulterado no tanque, será que eu compraria? Ah, sim, as baterias têm garantia total de dez anos e são fáceis de reciclar, fora que o Brasil é riquíssimo em ferro e phosphoro... Acorda, Eike!

Vamos conhecer para desmitificar e ver, na prática, que chineses, alemães e brasileiros têm a mesma quantidade de cromossomos. Vão aos links e cliquem:
Website da BYD, clique aqui.
Homepage do e6, clique aqui.
Website da Daimler-Benz, clique aqui e aqui.
Website da Carros Chineses, clique aqui e aqui.

Um comentário:

  1. Ótimo post, logo logo os eletricos vão deslanchar e quem tiver um carro a combustão e conhecer um eletrico, com certeza na proxima compra escolhera um carro eletrico.

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