sexta-feira, 30 de março de 2012

P50 - O chaveirinho ambulante


A história da Peel está intimamente ligara à explosão dos micro carros e bubblecars europeus, nos anos cinqüenta e sessenta. Por incrível que pareça, essas coisinhas motorizadas fizeram relativo sucesso até nos Estados Unidos, onde chegou-se a fabricar em série, um carro de 6,21m de comprimento, o Cadillac Brougham 1959, desta família de gigantes aqui.

A Peel era a mais radical de todas. Enquanto alguns se esmeravam em fazer quase-nada-sobre-rodas, como a Biscuit, os britânicos fizeram dois carros realmente funcionais, mas com três rodas para aproveitar uma brecha fiscal, que podiam ser chamados de automóveis sem equívocos... Embora muitas crianças teimassem em querer brincar com eles: o Peel Trident e o Peel P50, este o menor carro de série já feito no mundo, também o menor com permissão para rodar nas ruas da Inglaterra e Estados Unidos.

Embora tenham saído de moda, eles nunca deixaram realmente de existir, muita gente fez réplicas perfeitas ao longo dos anos (por preços absurdos) até a Peel renascer e atender à demanda dos saudosistas, bem como daqueles dispostos a pagar o equivalente a R$ 35.000,00 por um trocinho que anda. Em princípio em edições limitadas, o P50 e o Trident estão sendo oferecidos, pelo preço supracitado, em versões eléctricas. As réplicas chegavam a custar o dobro, com um acabamento decente. O preço ainda é alto, mas já praticável, pela pequena escala de produção.

Originalmente, eles atingem até 65km/h. A Peel decidiu usar a mesma estratégia da Tesla, deixando o comprador escolher quanta potência quer comprar. A mais barata chega a 24km/h, a mais cara vai a 80km/h. A potência vai de 2cv a 4cv. O interessante é ver que o plug-in top corre mais do que os 70hm/h que os 3cv à combustão permitem, fazendo pouco mais de 50km/.

Bem, para a maioria das necessidades urbanas, está bom. Para as curtas distâncias européias, está bom. Para quem sabe o que está comprando, e os fãs dos Peel sabem muito bem, dá e sobra. Se pensar que dá para entrar com o P50 no elevador e poupar a grana do estacionamento, ocupando quase nenhum espaço ao lado da mesa, enquanto ele recarrega... Ah, eu teria um..


Enquanto o Trident é um carro-bolha minúsculo, o P50 é pouco mais do que uma cabine motorizada: 1,37m de comprimento, 1,041m de largura, 1,2m de altura, 1,27m de entreeixos. O P50 tem uma única porta de abertura reversa, a suicida, do lado esquerdo. Para mim, baixinho, não é muito difícil entrar e sair, para quem tem mais de 1,7m de altura, a coisa complica, mas uma vez  lá dentro, até gente maior consegue se acomodar. Leva o motorista e uma sacola de feira, nada mais, como dizia a propaganda da época do lançamento. Mas, ao contrário da época, hoje ambos têm alguma segurança a oferecer, inclusive estabilidade em curvas.


O Trident parece uma nave espacial de filme B dos anos sessenta, mas é muito bonitinho. A porta é a frente basculante, como uma Isetta ao contrário. Leva duas pessoas com 1,829m de comprimento e 1,067m de largura, 1,245m de altura e 1,27m de entreeixos. Parece pouco, para duas pessoas, para o que estamos acostumados é, mas funciona. O problema é que não tem ar-condicionado, e aquela bolha de plástico deve ser uma maravilha no inverno europeu, nos trópicos deve ser uma sauna. Há portinholas laterais, abaixo da linha de cintura, mas eu não confiaria nelas, não sem um ventiladorzinho forçando o ar fresco a entrar.

Compensa? Se tu vives em qualquer país que não considere carros eléctricos um luxo, e não cobre metade de seu preço original em m dos impostos, vale. Se vives em um país onde a presidente ignora que o carro presidencial é híbrido, só se tiveres dinheiro sobrando e disposição para pagar caro por nenhum luxo, se comparado ao que pode ser comprado com o mesmo dinheiro.

 
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