segunda-feira, 22 de outubro de 2012

A boa: o Prius chegou. A má: o Prius chegou.

Ainda é caro, mas já dá para financiar.

Nas ondas da incompetência espherica de um indicado pela pasta-base aliada do governo, os carros híbridos acabaram sendo beneficiados. O regime automotivo idiota fez uma cousa meio-certa, mas por acidente, não por boa vontade.

Uma vez que ele oferece benefícios aos que bebem e poluem menos, mas não dá pelota aos que não poluem, os híbridos estão sendo beneficiados com uma taxação menor. Nesta esteira veio o Prius, cujo primeiro exemplar oficialmente em solo nacional, é do galinho de Quintino, o Zico. Mas o lançamento oficial é para Janeiro.

Dizer que é apenas modismo de quem quer parecer politicamente correcto, é um raciocínio tão simplista, quanto acreditar que carro eléctrico dá choque quando chove. Os riscos de um motor à combustão mal conservado, com velas expostas e fendidas, eletrocutarem os ocupantes, com seus milhares de volts, é muito maior, nem por isso tem-se notícias sérias a respeito. Há os babaquaras que querem só estar na crista da onda, sem serem surfistas, mas estes não contam. Tão simplista também, quanto acreditar que motor de ciclo diesel só queima óleo diesel.

O bom de o Prius vir,  é o tapa na cara dos ignorantes automotivos do ministério das minas e energia, entre outros ministérios. A nova taxação permitiu ao Toyota esquisito ficar bem abaixo dos cento e cinqënta mil reais, que muita gente pensava que fosse custar. Fala-sede ficar entre cem e cento e vinte mil. Se parece muito, vamos enumerar algumas qualidades desse feiosinho:
  • É um Toyota. Por mais que a mídia explore os deslizes, não devemos ser levianos e negar o padrão alemão de construção, que os japoneses adoptaram. Nos Estados Unidos e Japão, ainda é comum ver os primeiros Prius rodando, com as baterias originais, e já vão quatorze anos de lançamento!
  • É um carro médio de padrão internacional. O acabamento e o nível tecnológico embarcado, embora não sejam primorosos, são excelentes, tudo com matéria-prima, mão-de-obra especializada e procedência de boa qualidade. É um carro estável, silencioso, seguro e com muito espaço para a família.
  • Embora o decepcionante índice de 21km/l teime em não crescer, ainda é um consumo baixo para um carro do porte do Fiat Tipo, com a altura aproximada do Mercedes Classe A antigo. E dá, em muitas ocasiões, para se utilizar só o motor eléctrico, quando o percurso for em baixa velocidade e não muito longe. Aliás, no lento e congestionado trânsito urbano, é o recomendado.
  • As baterias foram dimensionadas para durarem toda a vida útil esperada para o carro. São 27kWh que alimentam um trifásico de ímãs permanentes de 33kWh. tirando as perdas, inclusive a da transmissão, dá para rodar uma hora em velocidade urbana, não mais que 45km/h, sem medo e sem ligar o quatro em linha. Acima de 50km/h, ele é ligado automaticamente.

A má notícia. Não será flex. Em vez de utilizar os bons motores do Corolla, ou até o do Etios, a Toyta insiste em manter a imitação de Atkinson. Embora seja mais eficiente, é um motor difícil de flexibilizar, pois usa justo a dispensa de compressão para obter mais eficiência, o que elimina o fator que dava ao etanol, a grande diferença de rendimento em relação aos motores puramente à gasolina. Resultado: é um motor eficiente, mas pouco eficaz, o que acaba dando elas por elas, na ponta do lápis. Com etanol, o argumento ecológico sem ecochatices seria muito maior.

Preciso lembrar que o Porsche Cayene híbrido, faz mais de trinta quilômetros por litro, com um V6 de ciclo otto? Não, né!

Para quem não sabe, quando o Fusca foi relançado, em 1993, só a versão à álcool atendia ás demandas de emissões, a versão à gasolina demoraria mais um ano, e vários cavalos a menos, até ficar pronta. Disto vocês imaginam o quanto a mecânica nacional beneficiaria o Prius.

Outro contra é a teimosia em manter o motor eléctrico amarrado à transmissão mecânica, como se ele precisasse. As perdas, além de inevitáveis, privam o modelo de ter a benevolente tração nas quatro rodas, se ele fosse colocado no eixo traseiro, o que também daria maior equilíbrio de massas; distribuição de peso dentro do veículo, alco crucial para a estabilidade em curvas.

Não toco em uma versão turbodiesel, porque o regime automotivo feito por burocratas burros, não diferencia um carrinho de golfe de um carro de passeio, só por causa do propulsor, e impediu a Kombi de utilizar o bom motor diesel que é feito aqui, mas só pode ser exportado.

Falar em carro caro no Brasil, é quase um pleonasmo, mas o Prius é relativamente caro. Já não é inacessível, mas ainda é caro.

Conclusão: é um híbrido defasado, em termos de resultados e comparado aos mais recentes. Por mais que a Toyota bata a tecla da alta tecnologia, pioneirismo e tudo mais, os alemães conseguem muito melhores resultados sem custarem muito mais. Alguém aí ouviu falar que a Audi está testando um protótipo que faz 90,9km/l? Pois está, e é um tipo de SUV, que não tem nenhuma obrigação de ser econômico.

Mas também é um carro já maduro, com os problemas já atenuados ou até sanados. Um dos poucos que só fizeram melhorar com o tempo, embora menos do que a Toyota é capaz. A montadora já sabe o que fazer e orientar a assistência técnica a qualquer eventualidade, o que é difícil com um Toyota. Já são dois milhões de Prius já vendidos, que constituem uma escola e tanto para a montadora.

Se eu compraria? Talvez. Feiura não é mais problema, uma vez que ser feio tornou-se quase uma regra entre os carros modernos. Tenho restrições técnicas, mas nenhum impeditivo, ainda mais que será montado aqui. Quem sabe aqui a mentalidade pro-pseudo-atkinson muda um pouco, pelo menos opcionalmente.


Website do Prius "nacional", clicar aqui
Teste do modelo que nos será vendido, clicar aqui.

4 comentários:

  1. Esse motor pseudo-Atkinson é a doença do momento. Na verdade não passa de um ciclo Otto com o diagrama de abertura e fachemento da válvulas alterado. Só um cego não vê isso. Não seria melhor ter um motor Otto menor, e turbinado???? E o motor elétrico DEVERIA ficar separado da tração mecânica, para ter um desempenho MUITO superior. Podendo até mesmo baixar o consumo, com essa simples alteração.

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    1. Perdão, é fechamento, e não fachemento. Eu não acredito que eu escrevi isso.

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  2. Ou colocar um hubmotor em cada roda traseira, desassociando a tração elétrica da transmissão mecânica. O que permitiria, potencialmente, ter tração 4x4. Manolice, pelo jeito, não tem nacionalidade.

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  3. Eu vi um vídeo na internet sobre um carrinho francês, que é movido a ar. Com dois cilindros, o motor dele consegue desenvolver 80 CV. Imagina uma belezinha dessas com seis cilindros e 240 CV. Ou V8 com 320 CV. Ou V10 com 400 CV. Ou V12 com 480 CV. Ou V16 com 640 CV. E híbrido. Potência total sem poluição.

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