Um dos maiores problemas do automóvel até a Primeira Guerra Mundial, era o reabastecimento. Não havia essa fartura de postos de combustível que temos hoje, na verdade nem todos os lugares tinham e os inimigos dos motores a combustão interna se valiam disso, sempre decretando o fim do que era, até então, um mimo para magnatas. Pois a máquina venceu a tração animal, a ponto de hoje ser usada como argumento pelos que defendem o fim do uso de cavalos como tratores. Agora imagine se as fábricas da época tivessem investido em postos a meio caminho entre as cidades, permitindo que as máquinas rudimentares de então pudessem fazer viagens sem medo?
Os grandes fabricantes de carros eléctricos estão investindo nisso. A BMW foi além, desenvolveu um recarregador que também serve de poste de iluminação pública, chamado "ChargeNow". Dois deles já estão funcionando em Munique, em frente à sede da montadora e qualquer um pode recarregar lá, não só os i3 e i8. É aqui que a coisa fica mais interessante...
No começo do século passado, o grande leque de experimentações fazia com que se utilizassem muitas fontes de combustível, dificultando o reabastecimento do producto de uma indústria nascente. Havia gente que batia à porta de residências para poder pegar gás encanado e continuar viagem. Os motores a gasolina tinham mais dificuldades, porque se fosse feriado, poderia não haver comércio aberto para comprar e, como já disse, os postos dedicados eram poucos.
Já electricidade é tudo a mesma coisa, é electron saindo de um lado para o outro, basta haver uma tomada padrão que até um Mercedes abusado pode se servir dos postes da BMW. Pois a tomada padrão já foi adoptada pelos fabricantes, com seu respectivo plug, embora em uma emergência se possa utilizar a energia residencial de um amigo ou do emprego.
A grande vantagem do sistema bávaro é dispensar estruturas específicas para um posto de recarga, reduzindo os custos e os prazos de instalação. Virtualmente qualquer poste serviria. E é esta extrema simplicidade conceitual que deve assegurar o sucesso da empreitada, tanto quanto o vexame do Brasil, que ainda nem sabe o que é um posto de recarga rápida. Mas o que esperar de um país que proíbe o uso de motores diesel em carros pequenos, sem justificativa técnica decente, com os vizinhos deitando e rolando com os pequenos brutos?
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