quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Prius; o que esperar dele.


Indo directo ao assunto, espere silêncio, mesmo do motor à gasolina. Por enquanto está totalmente descartada uma versão flex. Seus 99cv@ a baixos 5200rpm não comprometem a maciez, mesmo com taxa de compressão de 13:1, que normalmente o faria se dar muitíssimo bem com etanol; quanto mais alta a compressão, menor a diferença de consumo para gasolina. Com os 39cv do motor eléctrico, então, nem se fala. Até uns 50km/h ele pode funcionar sozinho, com até 90km de autonomia... Só vai dar ele no trânsito lerdo das metrópoles. O bom é que um motor eléctrico não consome energia, quando parado. O câmbio CVT elimina por completo os mais suaves trancos da mais sofisticada caixa de sete marchas.

Espere conforto. O carro é um hatch médio, com boa largura e boa altura, um porta-malas amplo de 445l e bom acabamento interno. O passageiro traseiro do meio em um pouco menos de espaço, mas é mais do que estamos acostumados em nossos populares. Em sua terceira geração desde 1997, ele já teve o projecto maturado e as falhas progressivamente corrigidas.

Espere economia. Embora nem de longe chegue aos 50km/l do Fisker Karma, que é o top dos híbridos, o Prius faz fácil 21km/l na cidade, com o motor eléctrico dando ajudas ao quatro em linha. Em percursos curtos e médios,  a baixa velocidade, ele não bebe nem água. A versão que virá em Setembro próximo, contará com recarga plug-in, ao contrário da actual, que só recarrega as baterias por regeneração e pela ação do motor à combustão. Chegou ao serviço, pluga na tomada e vá cuidar de teu trabalho. Mas dê umas caronas, para compensar a energia consumida do emprego.

Espere parecer pré histórico. Tudo no Prius, desde o desenho controverso, até o interior tem ares futuristas. O console central em semi-arco reserva um útil espaço para bolsas, relativamente fácil de acessar e discreto, adequado à nossa realidade. O painel de instrumentos, de início, fascinará alguns, por mostrar níveis de combustível e baterias, bem como quando os motores trabalham juntos e quando cada um o faz sozinho, fora a tela do computador de bordo, que é um absurdo. Três botõezinhos à direita também chamarão a atenção, eles selecionam do modo mais econômico ao mais esportivo de dirigir. No mais econômico, com um motorista experiente, ele pode fazer 25km/l. No mais esportivo ele faz de 0 a 100km/h em menos de dez segundos e chega a 180km/h; nada empolgante para os dias de hoje, mas para um veículo de quase 1,5 ton (vazio) e feito para o uso familiar urbano, está perfeito.

Espere ser uma exceção à regra. O Prius usa baterias de Níquel Hidreto-Metálico, que se são mais pesadas e volumosas do que as de íon de lítio, também são mais seguras de fabricar e operar, bem como mais fáceis de se reciclar.  E o Brasil é riquíssimo em níquel, o que pode facilitar as intenções da Toyota de produzir seu híbrido-mestre em um futuro incerto.

Espere chorar a cada prestação que for pagar. Infelizmente o certo é que ele custará muito caro, próximo ao preço de um Fusion Hybrid, afinal são famigerados 48% de IPI, com conseqüente reflexo nas taxas estaduais e municipais.

O que não esperar: Equiparação da cobrança das taxas com os veículos à combustão puros. Se a presidente ainda não se deu conta de que seu carro oficial é um híbrido, e que já tivemos uma fábrica de ponta de carros eléctricos no Brasil, então compre por sua conta e risco. Asseguro que a satisfação vem, e a Toyota já está aceitando encomendas, mas terá que ver o Prius como uma boa filha adolescente, que dá alegrias na mesma proporção em que dá despesas. Será um daqueles carros até fáceis de manter, mas duros de quitar.

 

Página do Prius no Brasil, clicar aqui.

6 comentários:

  1. Híbrido já não era equiparado a carro convencional? Eu achava que esse IPI mais elevado fosse para elétricos puros já que não tem como medir cilindrada (por não ter cilindrada nenhuma, diga-se de passagem)...

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  2. Infelizmente não, Kamikaze. Se no ítem 'combustível' estiver 'eletricidade', o Denatran enquadra no mesmo pacote dos carrinhos de golfe, não importa haver um motor à combustão no meio. Perverso, não?
    Por isso sai mais barato converter um usado do que comprar um híbrido novo.

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  3. Absurda demais essa burocracia. Deixam o óbvio de lado na hora de inventar firulas...

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  4. Simplesmente porque eles não entendem patavinas de tecnologia automotiva, precisam esconder sua incompetência com papelada supérfula, para não darem nas vistas e não mancharem o prestígio de seus partidos.

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  5. Eu particularmente não morro de amores pelos elétricos, mas essa total falta de noção dos burocratas parece piada. A propósito: ontem eu vi um carro elétrico fabricado pela Jacto sendo usado na coleta de lixo no Parque Farroupilha (mais conhecido como "Redenção"), aqui em Porto Alegre, e só não tirei uma foto pq na hora que eu comecei a correr para chegar num ponto que me permitisse um ângulo bom o Madruga (meu cachorro) caiu num espelho d'água e eu fiquei preocupado que ele pudesse se afogar (afinal, é só um pinscher)...

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