domingo, 4 de dezembro de 2011

A motocicleta a ar comprimido


Um estudante australiano de design industrial, causou furor na imprensa (ver aqui e aqui) ao construir uma motocicleta movida a ar comprimido. A motocicleta é bonitinha, se parece um pouco com um brinquedo, chega a 100km/h e não emite mais do que tirou da atmosfera para funcionar.

Acontece que isto não é novidade. Já há motociclistas profissionais utilizando o ar comprimido em trilhas. Em 2010 (ver aqui) o estudante do Real Instituto de Tecnologioa de Melbourne, Edwin Yi Yuan, fez uma motocicleta também a ar comprimido, mas muito melhor e sem nenhum arrasa-quarteirões na imprensa internacional. Sua equipe de dezesseis estudantes conseguiu 160km/h, com potencial para até 180km/h.

Acima a projeção do computador; abaixo, o protótipo.
 

A vantagem é a rápida troca do cilindro de ar comprimido vazio por um carregado, durante uma prova de competição. Como já disse no blog antigo, o veículo a ar comprimido é viável, simples de se se fazer e não adianta "grandes corporações imperialistas quererem enriquecer sabotando o projecto", porque a tecnologia já existe e está ao alcance de qualquer boa oficina mecânica, sob o domínio de qualquer bom mecânico.

Existe até um site brasileiro (aqui) o 'Ar Combustível', que se presta exclusivamente para falar de mobilidade a ar comprimido. Aliás, completíssimo e o único com estrutura profissional, feito por quem entende quanto do assunto quanto de comunicá-lo. Eu o recomendo. Nele há um artigo sobre o motor a ar comprimido criado por Di Pietro. Parece-se com o injustiçado Wankel, é simples e enxuto de componentes. Funciona assim: Em uma câmara, seis 'linguetas' empurram um anel excêntrico em uma câmara, dentro do anel há um eixo com mancais deslizantes que são empurrados pelo movimento do anel. A vantagem sobre o motor à ar de pistões é o torque instantâneo, como no motor eléctrico. O funcionamento é suave e fácil de controlar. O site de seu criador é este aqui, bastante completo e com ilustrações que se auto explicam, como os vários veículos, como motonetas, emplilhadeira, um kart e um pequeno hatch (ver aqui) convertidos para uso do ar comprimido, com o motor que ele criou. Aliás, é um motor ridiculamente leve, a unidade apresentada à imprensa tem cerca de seis quilos. Vídeos aqui.

O carinho a ar comprimido DiPietro

Só estamos esquecendo de um detalhe: O ar precisa ser comprimido para fazer seu trabalho. E quem faz isso é sempre um motor eléctrico, de modo indirecto, acionando um compressor mecânico. Enquanto não se encontrar outro meio de compressão, as perdas são menores apenas do que as do motor à combustão. O veículo a ar comprimido peca, se comparado ao pior eléctrico, na eficiência, raramente passando de 40%, quando um motor eléctrico ruim não dá menos do que o dobro, e os mais sofisticados passando de 99%, raspando no cem. As vantagens de um carro a ar comprimido seriam o baixo custo, a simplicidade tecnológica e a ausência de grandes bancos de baterias para se descartar, no fim da vida útil. A maior desvantagem é a limitada capacidade de armazenamento dos cilindros. O ar não pode ser comprimido indefinidamente, na verdade bem menos do que seria desejável. Enquanto um carro eléctrico viaja por uma hora em sua potência máxima, dificilmente um carro a ar comprimido o acompanharia sem desalojar o banco traseiro. Outro problema sério é que o ar comprimido não move o motor porque gosta de brincar, ele o faz para se descomprimir, para ficar com a mesma pressão do ambiente. Disto podemos deduzir que um cilindro que suporte uma pressão muito alta, é uma bomba. Por segurança, seria necessário trocar o prático e econômico cilindro gigante único por uma bateria de cilindros pequenos, para evitar que o vazamento de um deles causasse um desastre.

Sim, meus leitores habituais, vocês acertaram, eu sou a favor do veículo a ar comprimido. Mas eu tenho que reconhecer suas limitações, assim como reconheço as do eléctrico puro, pelo que dou tanto apoio aos híbridos plug-in. Os custos e o peso das baterias estão caindo rapidamente, por R$ 1000,00 ou menos (no varejo) se alimenta um motor eléctrico de 1cv por uma hora. Para quem se dispuser a restaurar uma daquelas motoquinhas de brinquedo que viraram febre no início do século, é uma boa pedida, rodam-se 50km em velocidade máxima, podendo-se recarregar no destino. Com ar comprimido, não mais do que vinte ou trinta, a menos de quarenta por hora, com a desvantagem de que nem todo mundo tem um compressor comercial de grande porte em casa. Bem, eu faria um bom brunimento em um velho motor dois tempos e faria a conversão par ar comprimido, é muito simples e relativamente barato. Mas se fosse investir em uma conversão livre de emissões, seria para eléctrico. Questão de perfil, eu preciso rodar muito, a velocidades expressivas e levando uma família. Para quem roda pouco e sozinho, ou no máximo com um carona, ou para pequenas entregas a residências próximas ao comércio, sem dúvida que compensa arrematar uns cilindros, transformar em motor um compressor grande de três pistões e ir em frente sem medo de ser feliz.

A criação de Di Pietro.


O tão falado carro da MDI, que não pôde ser apresentado no Brasil por causa da burocracia ridícula que ainda infecta nossas autarquias, repletas de apadrinhados políticos, estes que não dão a mínima para o país estar perdendo mais um bonde de uma revolução tecnológica.

2 comentários:

  1. tenho vontade de ter uma bicicleta com motor ar comprimido...

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    1. Não é complicado. Basicamente qualquer bom mecânico pode fazer o serviço.

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